domingo, 28 de agosto de 2011

CONFIRA NOSSO ROTEIRO DE VIAGEM PELA ÁFRICA


Atendendo sugestões, estamos postando novamente o resumo do nosso roteiro para os que estão chegando agora.
Nossa travessia da África se dará pelo lado leste, o lado de lá. É a travessia clássica. Tem melhores condições de transporte e, se é que podemos dizer isso, maiores facilidades turísticas. Essa rota ‘Trans-africana’ é histórica. Diversos exploradores, no sec. XIX fizeram (ou tentaram fazer) essa rota. Cecil Rodhes, inglês que se tornou o magnata dos diamantes da África, fez um projeto de uma ferrovia ligando a Cidade do Cabo ao Cairo. Essa ferrovia foi concluída apenas parcialmente, nos territórios colonizados pela Inglaterra.
Uma curiosidade que tem a ver com esse caminho, é uma expressão que nós usamos com freqüência. Quando comecei a trabalhar esse blog, procurei vários nomes para ele. Até que tive a seguinte idéia: “África de cabo a rabo”.  Para minha decepção, vários Blogs já estavam usando essa expressão. Sabem por quê? A expressão, de origem portuguesa, vem de (cidade do) Cabo a Rabat, no Marrocos, uma rota da época das grandes navegações que unia as duas pontas da África.
Mas vamos falar do nosso roteiro. Fiz um mapinha que vocês podem ver acima e quem quiser explorar um pouco mais pode ir ao ‘Google maps’, perguntar ou ainda esperar a gente chegar em cada lugar.
Vamos enumerar resumidamente (os detalhes ficam pra frente!) as principais atrações pelo caminho:
1.       Cidade do Cabo e a Rota Jardim – É o começo. Cape Town é uma das cidades mais bonitas do mundo e, segundo alguns, parecida com o Rio de Janeiro.  Será? Seguiremos para o norte pela estrada que reúne algumas das principais atrações da África do Sul.
2.       Maputo – a capital de Moçambique é agitada, tem belas praias e uma das melhores gastronomias da África (altas lagostas).
3.       Vitória Falls – seguramente uma das maiores quedas d’água do mundo. Comparável à Foz do Iguaçu. Será?
4.       Zanzibar – a Cidade de Pedra, herança dos árabes, é Patrimônio Cultural da Humanidade além de ter praias caribenhas e também boa gastronomia (altas lagostas).
5.       Lago Vitória – o maior lago africano e o segundo maior do mundo. É uma das nascentes do Nilo. Vamos tentar atravessá-lo ‘de cabo a rabo’.
6.       Lalibela e Gonder – dois Patrimônios Culturais da Humanidade na Etiópia, fantásticas igrejas subterrâneas e castelos do Império Etíope.
7.       Pirâmides do Sudão – Mais numerosas e mais antigas que as do Egito, foram construídas por reis e rainhas negros do Reino Núbio.
8.       Abu Simbel, Pirâmides de Gizé e o Museu do Cairo – não preciso dizer nada.
Coloquei tudo bem resumidinho pra vocês não deixarem acompanhar nossa viagem. Aliás, vai rolar muita coisa ainda. Não dá pra falar tudo de uma vez.

NÃO ESQUEÇA – Dia 7 de setembro, nossa aventura começa. Tá chegando a hora!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

África em Filmes, Livros e Blogs


Um pouco de diversão e cultura não faz mal a ninguém. Para preparar minha viagem para a África, tive, é claro, que pesquisar um pouco. Vou passar para vocês uma seleção do que encontrei de melhor em filmes, livros e Internet.

Três Filmes:
1.     Diamante de Sangue – Durante a Guerra civil de Serra Leoa, nos anos 90, Leonardo DiCaprio, em grande forma, é um contrabandista de diamantes rodesiano (atual Zimbábue), que parte em busca de uma grande pedra rosa junto com um pescador local. Mostra o tráfico de diamantes para financiar a guerra civil e o uso de crianças-soldados num dos países mais pobres do mundo. Aventura de primeira.
2.     Hotel Ruanda - Durante o genocídio de Ruanda (onde o mundo se omitiu e quase um milhão de pessoas foram mortas em apenas cem dias) um gerente de hotel (Don Cheadle) abriga mais de mil pessoas que fogem do massacre. Três indicações ao Oscar num filme dramático.
3.     O Último Rei da Escócia – A relação entre um jovem médico escocês e o célebre ditador de Uganda Idi Amin Dada (Forest Whitaker, Oscar de melhor ator). Violento e real.

Três Livros
1.     O Safári da Estrela Negra – uma viagem através da África – o escritor Paul Theroux parte do Cairo à Cidade do Cabo, por via terrestre ou fluvial numa empolgante jornada de mais de seis meses em 2002. No livro, Theroux discute o papal das entidades assistencialistas que, para ele, com seus Land Rovers e muita arrogância, acabam por piorar o quadro de miséria na África. Ainda segundo ele, os governos africanos não querem a melhorar a vida da população, pois isso acabaria com as doações milionárias (em grande parte desviadas). Fala ainda da indústria que mais floresceu na África contemporânea; a das funerárias, por causa da alta mortalidade causada pela AIDS. Imperdível.
2.     Pé na África – O jornalista Fábio Zanini tenta ir da África do Sul ao Cairo em 2008 (roteiro parecido com o nosso). Seu objetivo não fica completo, pois não consegue o famoso visto do Sudão. Mistura de jornalismo e viagem que não dá pra parar de ler.
3.     Lonely Planet África – Simplesmente a Bíblia dos mochileiros na África. Tudo, absolutamente tudo, em 1200 páginas. Tem que arranhar o inglês.

Três Blogs
1.     Pé na África – Enquanto viajava Fábio Zanini alimentava seu Blog. E ainda continuou alimentando durante algum tempo. O livro é mais completo, mas o Blog é o dia a dia da viagem. Muito legal.
2.     O Candongueiro – João Fellet é jornalista. Saiu da África do Sul chegando ao Oriente Médio viajando nos candongueiros (não foi exatamente assim), como são conhecidas as vans em Angola. Vale à pena.
3.     Elefantnews – Eduardo de Castro é experiente jornalista da TV Record Moçambique e, de lá, manda e comenta o que acontece na África. No último dia 21, postou sobre os restaurantes que servem feijoada em Maputo. Muito apetitoso.
No cantinho tem mais alguns Blogs interessantes. Dêem uma olhada.

Acho que essas indicações são um bom começo para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a África. Se alguém quizer mais indicações, escreva para mim que tem muito mais. 

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

África Emergente

Está para completar 27 anos que saí de São Paulo e vim para Goiás trabalhar. Na ocasião, para chegar ao meu local de trabalho, na longínqua São Domingos, divisa de Goiás com a Bahia, tive que rodar quase 500 Km em estrada de terra. O asfalto terminava logo após Brasília e nesse trajeto pela região mais pobre de Goiás, passamos por terras improdutivas, áridas além de povoados miseráveis. Meu heróico chevetinho 82 não resistiu e capitulou 20 Km antes de chegar ao destino.
Estou falando isso porque outro dia, um colega que partilhou comigo alguns desses momentos perguntou-me o que eu esperava da África. Respondi que esperava encontrar uma situação melhor que a que encontramos naquela época. Pelo menos, no meu roteiro de viagem, salvo engano, só rodarei no asfalto.
Coincidentemente vejo que hoje meu amigo tem os mesmos temores que tiveram quando me mudei para cá. Da mesma forma que há 27 anos atrás, amigos e parentes imaginavam que estava me mudando para um lugar inóspito e sem recursos, hoje vejo o mesmo tipo de sentimento. A pergunta que mais tenho ouvido é se vou fazer um safári, refletindo um pensamento que a única coisa interessante para ver no continente africano são os bichos. Tanto em relação a Goiás naquela época, como em relação à África nos dias atuais, existe muita desinformação.
Claro que existem Áfricas e Áfricas umas mais pobres, outras menos, umas ainda em guerra ou em ditaduras que produzem o mesmo efeito, e outras que pelo caminho da democracia conseguem significativos avanços. Nosso roteiro segue o oeste da África onde estão os países mais desenvolvidos, com estrutura de transportes melhor, herança, na maior parte deles da colonização inglesa. É lamentável ter que reconhecer, mas entre os colonizadores existem uns melhores que os outros e, nesse quesito, os ingleses foram os melhores. Vamos andar muito de trem e, por quase todos os países que vamos passar, a malha ferroviária, é significativamente maior que a do Brasil (guardando as devidas proporções, é claro).
Está surgindo na África uma classe de países emergentes com alto nível de crescimento de suas economias. Moçambique, que foi colônia portuguesa até 1975, passou por um período de governo socialista e esteve em guerra civil até 1992, é um dos países que mais cresce mundo. Sua taxa média do crescimento econômico nos últimos cinco anos foi de 7,8%. Nos últimos 12 anos, sua economia praticamente dobrou de tamanho. Zâmbia, Tanzânia, Uganda, Etiópia e até o nosso simpático Sudão, só para citar países por onde passaremos, seguem no mesmo diapasão.
As razões do surgimento desses países emergentes são várias, mas duas para mim são principais: o surgimento de democracias com governos responsáveis socialmente e a inserção desses países na comunidade internacional atraindo investimentos. China, Índia e até o Brasil (veja reportagem no final dessa postagem) tem investido em larga escala nos países mais promissores da África.
A miséria africana foi introduzida pelo sistema colonial, já que a África era um continente auto-suficiente em alimentos sustentado pela agricultura familiar (os escravos trazidos da África ensinaram aos portugueses técnicas de agricultura já que os solos e o clima africano eram semelhantes ao do Brasil, ao contrário do da Europa dos colonizadores). Ao serem expulsos esses colonizadores tentaram perpetuar seu domínio através de elites corruptas que produziram guerras e mais miséria.
Essa situação está mudando. O mundo hoje olha para a África não mais como um continente sem futuro, para se fazer caridade, mas como um lugar para investir. Esses investimentos aumentam a renda, criam demandas por mais educação e serviços do Estado e dificultam a corrupção da elite dominante. A população urbana cresce num fenômeno de êxodo rural semelhante ao que ocorreu (e ainda ocorre) no Brasil. Em nossa viagem, vamos passar por grandes cidades, algumas com mais de cinco milhões de habitantes. Caóticas, pulsantes, vivas...   

PS - O Financial Times publicou uma pequena matéria sobre o avanço dos investimentos brasileiros na África que vale a pena ler:
http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2011/04/26/brasil-busca-triunfo-em-nova-grande-disputa-pela-africa-diz-ft.jhtm

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O BRASIL E A ÁFRICA


          Há alguns meses, por ocasião da visita de Barack Obama ao Brasil, divulgou-se na mídia, talvez para buscar alguma familiaridade histórica, que os EUA, teriam sido o primeiro país do mundo a reconhecer nossa independência. Não é verdade. O primeiro país a reconhecer o Brasil independente foi o Benin em 1823. Os EUA só o fizeram no ano seguinte.     Nessa época, houve ainda um movimento para que Angola fizesse parte do Brasil, o que só não aconteceu por pressões da diplomacia inglesa. Por pouco não tivemos uma província africana.
          De longe, a África é o continente mais próximo do Brasil. Temos fortes laços históricos e culturais e cerca de um terço de nossa população é constituída de afro-descendentes. Isso, por si só, justifica uma intensificação das relações entre o Brasil e os países africanos, o que só vem acontecendo de uns tempos para cá.
          Nem sempre a diplomacia brasileira se interessou em aprofundar laços com a África. Curiosamente, o período onde essa relação mais prosperou, antes de 2003, foi na ditadura militar. Possivelmente pela crise do Petróleo em 1973, desde então, o Brasil, abriu embaixadas, reconheceu o Movimento pela Libertação de Angola – MPLA, de ideologia marxista (curioso!), condenou os regimes racistas da África do Sul e Rodésia e intensificou a relação comercial com diversos países. Petrobrás e Vale passaram a atuar no campo da prospecção de petróleo e mineração e empreiteiras brasileiras realizaram diversas obras de infra-estrutura no continente. O Brasil ainda oferecia bolsas universitárias para estudantes africanos. João Figueiredo foi o primeiro presidente brasileiro a visitar a África.
          Nos governos seguintes, em parte por causa da crise da dívida e os ajustes do FMI que afetou o Brasil e mais fortemente a África, houve um esfriamento nas relações, embora com algumas exceções significativas como a participação brasileira nas missões de paz da ONU, a visita de FHC a Angola e África do Sul e a cooperação no campo do combate à AIDS.
          Mas foi a partir de 2003, já no governo Lula, que ocorre o ápice nas ligações Brasil – África. Ao tempo em que as telenovelas e os templos evangélicos brasileiros invadem o continente, Lula, em seu primeiro mandato fez quatro viagens à África. Criou dez novas embaixadas e apoiou processos de pacificação. O Brasil perdoou a dívida e concedeu crédito e assistência aos países africanos. Realizou convênios no campo educacional com a concessão de bolsas universitárias e de pós-graduação, além de cooperação científica e intercâmbio de professores.
          No momento, a ajuda do Brasil às vítimas da fome na Somália é maior do que a de qualquer país europeu. Longe ser um “desperdício de dinheiro público”, o processo de aproximação brasileira com a África, produz ganhos no campo político e econômico. Petrobrás e Vale ganham espaço. O agronegócio aos poucos descobre que a África tem terras de boa qualidade a preços irrisórios. Para se ter uma idéia da sua crescente presença, entre 2003 e 2010 as exportações brasileiras para o Sudão (de novo, o Sudão!) aumentaram de sete para 120 milhões de dólares anuais.
          A África tem um bilhão de habitantes, 20% da área do planeta e 54 países que representam 27% dos membros da ONU. Muitos deles ajudaram, com seus votos, a trazer a Olimpíada de 2016 para o Brasil.
          A importância da África no mundo é crescente. China e Índia ampliam sua presença com amplos investimentos no continente e tem proporcionado um renascimento africano. O Brasil, por sua identidade político-cultural pode ter uma participação decisiva na redescoberta da África.

Em tempo; boa parte das informações dessa resenha encontram-se no livro “A África Moderna – um continente em mudança” de Paulo G. Fagundes Visentini, Editora Leitura XXI. Instrutivo e fácil de ler pode ser comprado nas grandes livrarias ou pela Internet. É baratinho. Vale a pena!  

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um pouco mais sobre o Sudão


Já que estamos no Sudão, vamos conhecê-lo um pouco mais.
O SBT Brasil fez uma reportagem especial sobre o Sudão, denominada ‘Sob o Sol do Sudão’ exibida em janeiro/2010. Nela os repórteres Fábio Diamante e Ronaldo Dias abordam a tragédia de Darfur, a situação política, um pouco da história e o cotidiano dos sudaneses. O SBT foi a primeira emissora de TV do Brasil a entrar no Sudão.
Em seu blog, o repórter Fábio Diamante resumiu: “Tanta coisa pra ser mostrada... guerra, ditadura, miséria, crise humanitária... E temos a sensação de que fizemos apenas uma parte. Apesar disso, é difícil convencer as pessoas de que é preciso olhar para um país como o Sudão. O mundo só repara nos mais pobres quando acontecem terremotos, como no Haiti. Sempre depois... Isso vale também pra nós, da imprensa. Preferimos a tragédia depois de pronta, provavelmente, porque dá audiência”.
Vale a pena ver os vídeos:

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O Visto do Sudão

Do nosso roteiro, o Sudão talvez seja o país mais enigmático e misterioso entre todos que vamos visitar. Lugar onde antes prosperou a civilização núbia, anterior ao Egito dos Faraós e que só foi subjugada no sec. XIV pelos árabes, o Sudão é cheio de sítios históricos e, embora a conservação não seja lá essas coisas, o país é uma das minhas maiores expectativas.
Do ponto de vista político, porém, o país é um dos mais castigados da África. Os colonizadores na África, impuseram-se sempre pela força. Sua visão era meramente territorialista. Nunca respeitou-se as diferenças existentes entre os povos colonizados. Com a libertação dessas colônias, essas divergências aliadas a outras questões políticas locais e interesses estrangeiros, geraram (e ainda geram) guerras civis por todo o continente.
Com o Sudão não foi diferente. Colônia inglesa que se libertou em 1956, com uma unidade nacional artificial já que sua população do sul e do norte tem diferenças culturais e religiosas, viveu de guerra em guerra até 2005, quando o Tratado de Naivasha estabeleceu a paz com a condição de um plebiscito para a independência do sul, ocorrido recentemente. Desde esse tratado o país recebeu tropas da ONU, abrigou Bin Laden e suas milícias, foi bombardeado pelo EUA e vem sofrendo embargo econômico internacional (falaremos um pouco mais disso quando estivermos lá).
Por conta disso parece que o Sudão não faz muita questão de estrangeiros. São muitos os relatos de dificuldades na obtenção de visto para o país. O guia Lonely Planet da Africa, a bíblia dos mochileiros, faz uma longa dissertação sobre as dificuldades da obtenção desse visto. Blogs falam de pessoas esperando semanas em Nairóbi – Quênia para a sua obtenção. O escritor americano Paul Theroux, uma celebridade, que fez uma viagem com roteiro parecido ao nosso (só que em sentido inverso e com mais tempo) e que publicou em 2003 o impressionante ‘O Safári da Estrela Negra –uma viagem através da África’, ficou mais de quinze dias esperando pelo visto no Cairo. Pior foi jornalista Fábio Zanini – Blog e livro ‘Pé na África’, que foi da Etiópia ao Cairo (o taxi mais caro do mundo, segundo ele) para tentar e não conseguir o visto.
Confesso que quando me dirigi à Embaixada do Sudão em Brasília, estava tenso. O visto demoraria três dias, mas como ia de Goiânia queria conseguir no mesmo dia. Fiz uma carta contando em detalhes minha viagem que, para decepção do funcionário que me recebeu, não estava em inglês.  Ofereci para traduzir, mas ele chamou um brasileiro e me dispensou dizendo que me ligaria até as 15h (eram 9 da manhã) para dar a resposta. Fui ao shopping fazer hora, mas para minha surpresa fui chamado antes de terminar o almoço. Na volta à embaixada fui recebido por um senhor muito gentil; acho que era o embaixador. Pelo menos estava num gabinete enorme. Bem no centro de sua estante tinha uma foto sua com o presidente Lula. Falou que gostava dele e, depois de me dar folhetos sobre o Sudão, me passou o telefone do seu irmão em Kartoun e também do seu filho que morou no Brasil e fala português. Gentileza maior impossível. Passou-me o passaporte devidamente ‘vistado’.
Ainda vou falar sobre as relações Brasil – países africanos, mas podemos adiantar que o Brasil tem embaixada no Sudão, programas de cooperação, investimentos em exploração mineral e agronegócio. Os brasileiros são bem vindos e o meu visto saiu em apenas 4 horas. Acho que vou registrar no Guiness. A nota triste é que a façanha custou R$160,00.
Mas ainda deu tempo de tirar o visto do Zimbabwe (mais R$100,00).
  

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Gente é pra brilhar

Gente é pra brilhar,
Não pra morrer de fome.”
                  Caetano Veloso

Amy Winehouse brilhava e morreu porque quis. A imprensa noticiou e o mundo se comoveu. Celebridade que morre de overdose vende jornal. Enquanto isso dezenas de milhares de crianças (e adultos) da Somália estão morrendo de fome. A notícia frequenta os rodapés dos jornais. Pouca gente se importa.
Já o Brasil nunca participou tanto de programas de ajuda humanitária. Em 2011 o Brasil vai doar 710 mil toneladas de alimentos para a África num total de U$350 milhões. É pouco, muito pouco, mas ainda é mais do que vão doar França e Alemanha, que estão gastando centenas de bilhões de euros para salvar o sistema financeiro europeu.
É isso aí! As crianças somalis não ameaçam as finanças mundiais.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Roteiro


Nossa travessia da África se dará pelo lado leste, o lado de lá. É a travessia clássica. É onde existem melhores condições de transporte e, se é que se pode dizer isso, maiores facilidades. Essa rota ‘Trans-africana’ é histórica. Diversos exploradores, no sec. XIX fizeram (ou tentaram fazer) essa rota. Cecil Rodhes, inglês que se tornou o magnata dos diamantes da África, fez um projeto de uma ferrovia ligando a Cidade do Cabo ao Cairo. Essa ferrovia foi concluída apenas parcialmente, nos territórios colonizados pela Inglaterra.
Uma curiosidade que tem a ver com esse caminho, é uma expressão que nós usamos com freqüência. Quando comecei a trabalhar esse blog pensei em vários nomes, mas invariavelmente estes já estavam sendo usados. Até que uma noite tive uma grande idéia: “África de cabo a rabo”. Dormi tranquilo achando que tinha achado o nome. Acordei e fui correndo ao Google e, para minha decepção, havia uma infinidade de citações para essa expressão. Sabem por quê? A origem da expressão é portuguesa e vem de (cidade do) Cabo a Rabat, no Marrocos, uma rota da época das grandes navegações que unia as duas pontas da África.
Mas vamos falar do roteiro. Fiz um mapinha que vocês podem ver acima e quem quiser explorar um pouco mais pode ir ao ‘Google maps’ ou perguntar ou ainda esperar a gente chegar a cada lugar. Mas vamos enumerar resumidamente (o melhor fica pra frente!) as principais atrações pelo caminho:
1.       Cidade do Cabo e a Rota Jardim – É o começo. Cape Town é uma das cidades mais bonitas do mundo e, segundo alguns, parecida com o Rio de Janeiro.  Será? Seguiremos para o norte pela estrada que reúne algumas das principais atrações da África do Sul.
2.       Maputo – a capital de Moçambique é agitada, tem belas praias e uma das melhores gastronomias da África (altas lagostas).
3.       Vitória Falls – seguramente uma das maiores quedas d’água do mundo. Comparável à Foz do Iguaçu. Será?
4.       Zanzibar – a Cidade de Pedra, herança dos árabes, é Patrimônio Cultural da Humanidade além de ter praias caribenhas e também boa gastronomia (altas lagostas).
5.       Lago Vitória – o maior lago africano e o segundo maior do mundo. É uma das nascentes do Nilo. Vamos tentar atravessá-lo ‘de cabo a rabo’.
6.       Lalibela e Gonder – dois Patrimônios Culturais da Humanidade na Etiópia, fantásticas igrejas subterrâneas e castelos do Império Etíope.
7.       Pirâmides do Sudão – Mais numerosas e mais antigas que as do Egito, foram construídas por reis e rainhas negros do Reino Núbio.
8.       Abu Simbel, Pirâmides de Gizé e o Museu do Cairo – não preciso dizer nada.
Coloquei tudo bem resumidinho pra vocês não deixarem de visitar o blog. Aliás, tem muita coisa ainda. Não dá pra falar de tudo de uma vez.