Decididamente, Luzaka não é uma cidade atraente. Seu traçado é até interessante, lembra Goiânia. As grandes avenidas convergem para o centro. Todavia, falta paisagismo, passeio para pedestres e no centro de algumas avenidas, corre em valas, esgoto a céu aberto. Mas como, segundo dizem, todos os caminhos da Zâmbia levam a Luzaka, aqui estou.
Antes de dar um tour pela cidade tinha dois problemas a resolver. Primeiro comprar o bilhete de trem para a Tanzânia. Como o trem sai amanhã e de outra cidade, estava com medo de não conseguir lugar. Nesse caso teria que ir de ônibus e perderia uma das grandes atrações da viagem que é o Tazara Train. Em seguida teria que ir à embaixada da Tanzânia tirar o visto de entrada no país. Felizmente deu tudo certo e comprei o bilhete; fico numa cabine de 4 pessoas, todos homens, e paguei pouco mais de U$50. Uma pechincha levando-se em conta a extensão da viagem. Em seguida fui tirar o visto e o enredo é sempre o mesmo. Tem que ir de manhã, deixa o passaporte e volta à tarde para pegá-lo. Tudo por módicos U$50, cash, e como as embaixadas nunca são no centro, foram mais U$20 para o táxi. Mais caro que a passagem de trem.
Esse negócio de visto é um caso sério. O Brasil perdoou a dívida dos países africanos, mantém programas de ajuda e é um dos maiores investidores na África em geral. O Itamarati poderia pleitear o fim dessa idiotice. O pior é ter que se deparar com a burocracia. Tem que ir e voltar duas vezes na embaixada para colocar um selinho no passaporte.
Chegando na feira
Cumprida a agenda, resolvi visitar o Luzaka City Market, o maior mercado da cidade. Os mercados por aqui são imensos, caóticos, sem nenhuma estrutura de higiene ou logística e erguidos sobre terrenos baldios numa ode à informalidade. Vendem de tudo. Tudo mesmo.
Aproveitei o táxi da volta da embaixada e pedi para ficar no mercado. O taxista disse que lá era muito desordenado e me deixou noutro, muito sem gracinha. Resolvi então ir a pé.
Na medida em que vamos aproximando, o movimento vai aumentado. As ruas são tomadas de ambulantes que não tem o ponto lá dentro. Quando cheguei em uma das entradas, não consegui seguir. Um fedor, esgoto pelas vielas, pessoas desocupadas, mal encaradas. Fiquei com medo. Barra pesadíssima. Tirei uma foto e já veio um cara dizer que não podia. Esperei ele se afastar e tirei outra. Ainda andei um pouco pelas beiradas e deu pra sentir mais um pouco. E não é que as pessoas entram para fazer suas compras?
A entrada da feira; a foto não ficou boa, tive que tirar escondido
Aproveitei que estava perto e fui comprar o bilhete de ônibus para Kapiri Mposhi, cidade a 200 Km de Luzaka de onde sai o trem. Outro sufoco. Um monte de homens me cercando, cada um querendo me levar para a sua empresa. Depois de muita confusão acabei comprando uma passagem que nem sei se é a certa. Vou saber amanhã.
A Rodoviária de Luzaka
Falando em amanhã, vamos falar do trem. O ferrovia Zâmbia-Tanzânia é um dos marcos da África e chega a ser chamado de transiberiana africana. É uma linha férrea de 1870 Km, que inclusive atravessa o Parque Nacional de Selous, um dos ambientes mais preservados da África e que tem animais em abundância. Foi construída no início da década de 80 pela China; não a atual, mas a de Mao Tse Tung, já que na ocasião os dois países tinham governos de orientação maoista. Ninguém explica por que ela foi construída a partir da cidadezinha de Kapiri Mposhi e não de Luzaka, mas o destino final é Dar es Salam, a capital da Tanzânia.
Serão 48 horas de viagem, se não houver atrasos, o que é comum. O trem partirá às 16:00h (onze no Brasil) e chega na quinta-feira nesse horário (espero). Até lá fico sem dar notícias, mas quando voltar, terei muitas novidades. Me aguardem... Sentirei saudades de vocês.
oh abençoado véio, tudo bem, estou muito contente por estar fazendo um tour diferente e interessante.
ResponderExcluirGerson, estamos aqui, sentadinhos no nosso sofá. Acabo de ler este post em voz alta, a pedido da Tereza. Estamos aqui comentando que você êh o nosso ídolo. Eu, quando crescer, quero ser você.
ResponderExcluirGrande abraço, boa viagem !
Muito bons de ler os seus relatos, assim a gente vai viajando um pouquinho também. Alguma hora você tá pensando em desviar da rota pra ver o lado mais rural, aglomerações menos populosas e quiçá mais acolhedoras?
ResponderExcluirAbração,
Joel
NÓS TAMBÉM VAMOS SENTIR MUITAS SAUDADES SUAS!!! FICAREMOS ÁVIDOS POR SABER DAS NOVIDADES...DOS BICHOS QUE VC VIU...DOS ATRASOS FATAIS!!! DAS SUAS..."48 HORAS DE LE MANS"!!! RRRSS... ENTÃO...BOA VIAGEM, NA VIAGEM!!!
ResponderExcluirBoa viagem, tio! Guarda bem as malas e tenta descansar um pouco!
ResponderExcluirEspero notícias! :)
Gerson, voce estará com tres homens na cabine do trem, Oh! Oh! Oh!, vai ser dificil te defender.
ResponderExcluirMauricio
oi, Gerson!!! espero que esteja tirando muuuuuuuuuuiiitas fotos!!! o seu blog está o máximo!! da a sensação de que estamos indo junto com vc"!!! abração!!!
ResponderExcluirAmigos Gostaria de agradecer cada comentario, cada sugestao, mas o tempo e a Internet lenta impede. Obrigado a todos. Nivaldo, vc nao cresce mais. Joel, ja estou morrendo de saudades do Brasil e vc quer que eu desvie a rota? Fica pra proxima. Gabriela,obrigado. Vc e um amor. E esse anonimo,pelas expressoes, acho que e minha filha muito amada, a Joyce. Fiquei feliz.
ResponderExcluirMuito boa noite, assistindo um documentário no futura com Luiz, entre fronteiras mi deparei com essa longa ferrovia, e agora vendo seu site resolvi tomar parte pois gosto muito de ferrovias e desconhecia a existência desta na África, mas outro dia falamos mais, gente demais por aqueles lugares vendo a reportagem até mais, Tenha uma boa noite Gerson Bosco..
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