segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De 'Busum' pela Savana

Saída dos ônibus no terminal de Dar es Salam


O transporte na África é muito sacrificado, não apenas para os usuários, mas também para os funcionários que prestam serviço. Total falta de regulamentação deixa todos a mercê da vontade das empresas que, em furiosa concorrência, sacrificam as mínimas necessidades dos usuários. Ontem, foi um caso de polícia.
Cheguei no caótico terminal de ônibus de Dar es Salam por volta das 5:30, para pegar o ônibus às seis da manhã. Mesmo nesse horário, o trânsito em volta do terminal era pesado.
Dentro do terminal a coisa era totalmente caótica. Esses terminais, aqui na África, não tem nenhuma semelhança com as rodoviárias do Brasil. São geralmente terrenos nem sempre pavimentados onde os ônibus sem maiores organizações se colocam. As passagens são vendidas ali mesmo, nas portas dos ônibus e tudo em volta é cercado por um grande feirão. Além disso, o assédio para quem chega, é muito grande.
Ao chegar no terminal, fui cercado. Uns queriam me vender passagem (que eu já tinha), outros queriam carregar minha bagagem e avançavam sobre minha mochila que eu segurava abraçado. Ainda bem que ela é resistente, senão teria se partido em muitos pedaços, tal a quantidade de pessoas que a disputavam. Segurei firme, 'thank you, thank you, I don't need help', e fui seguindo... E para achar o ônibus? Àquela hora, sem exagero, havia pelo menos uns cem, prontos para sair em lugares diferentes. Descobri, entretanto que cada cidade tinha o seu local de saída e achei o meu ônibus.
Pouco antes das seis, começam as saídas e a confusão é total. Demoramos vinte minutos no congestionamento apenas dentro do terminal. O ônibus nem era muito desconfortável para os padrões africanos, mas muito velho e com motor na frente, tipo urbano. Não sabia exatamente a distância, mas esperava uma viagem de aproximadamente 14 horas, razão pela qual calculei a distância em mil quilômetros. Quando, uma hora depois, pegamos estrada, o 'busão' até que andava bem, mas eram constantes as paradas nas vilas e nos postos policiais. Aqui se pára, confere e carimba em todos os postos policiais. Não é que nem no Brasil que o cara dá um tchauzinho pro guarda e pronto. Assim, a viagem vai se estendendo.

Uma das vilinhas (essa tá até boazinha) em que o ônibus pára.

Para compensar a perda de tempo, não existem paradas, para o meu desespero, em certas ocasiões. Foram apenas 10 minutos para almoço e duas vezes para um rapidíssimo xixi, na beira de estrada mesmo. E cada um se vira, ou melhor, vira de costas. E a mulherada se agacha atrás das moitas... Pensei em fotografar, mas achei que podia dar confusão. A gente até que aguenta, mas e o motorista? Ele só levantou a bunda da cadeira umas três vezes durante todo a viagem. No final, de noite, eu estava com medo, mesmo com o cinto de segurança (tinha!) bem apertado, atitude que nunca tive ao viajar de ônibus.
Era pra chegar às 20:30h em Mwanza; chegamos às 23h. Dezessete horas de viagem; um almoço e apenas três xixis depois. Essa última foi numa vilinha enquanto desciam uns passageiros.
Já estou em Mwanza, coração da África, beira do Lago Victoria. Vejam no mapa do Roteiro. Amanhã falo desta cidade. Até lá.

2 comentários:

  1. Amor,
    apesar de ser também cansativo, fico com as mais de 30h de voo: Dar es Salaam-Goiânia. O único problema são os Free Shops, que nos perseguem até mesmo à bordo... Quando você chegar brindaremos com 'pinotage' sul africano ao "santo cartão de crédito" que deve ser tão importante quanto a toalha, kkkkkk.

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  2. Só de ler este post já me deu vontade de ir ao banheiro!!
    Seu blog está o máximo. Parabéns.
    Bjs
    Tereza

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