Não sei se vocês entendem bem quando falo que vou a um mercado ou feira na África. Não pensem que se compara a uma feira de rua ou um mercado fechado ou até algumas feiras muito grandes como as que tem no Brasil. As feiras são uma instituição africana e em cada grande cidade tem uma. Nelas tem de tudo. Não é como o mercado municipal ou a 25 de março em São Paulo, a feira de Campo Grande no Rio ou a Feira Hippie em Goiânia que se especializam num tipo de mercadoria. Aqui não, aqui vende de tudo mesmo, inclusive serviços.
Não teria coragem de ir sozinho ao Merkato, a feira de Addis Ababa. O Lonely Planet diz: “se você tiver que ser roubado na Etiópia, será aqui”. Em Luzaka tinha uma parecida, mas não tive coragem para entrar. Mas a de Addis é enorme. O próprio LP diz que pode ser o maior da África.
Ontem, entretanto, aconteceu uma coisa incrível. Tinha acabado de almoçar e ia visitar a St George Cathedral, a principal igreja ortodoxa cidade. No caminho, fui abordado por dois jovens que resolveram me acompanhar indicando o caminho (que eu já sabia, por sinal). Achei que era mais uma roubada. Não deu para para fazer a visita porque haveria um culto. Na volta me seguiram um pouco e disseram que eram estudantes de turismo. Para eles era bom me acompanhar porque treinavam o inglês. Ofereceram para me levar ao Merkato. Resolvi confiar nos garotos. Hoje de manhã liguei e eles vieram me buscar no hotel. Fomos de van, baratinho, custa uns trinta centavos (de reais) a viagem.
Os jovens Ilex e Sileshi.
A feira começa com eletro eletrônicos em lojas mais ou menos organizadas. Você pode, por exemplo comprar uma geladeira ou um televisor. Depois começa a diversificar, mas as mesmas espécies ficam juntas. Uma coisa que me chamou a atenção logo no início foi umas barracas com costureiros. Pelo menos uns cinquenta enfileirados prestavam seus serviços ali mesmo. E as pessoas iam chegando com sua roupas para costurar, consertar, etc. Em seguida passamos pela parte dos temperos com destaque para as pimentas, largamente usadasq sdo na culinária etíope. Passamos pelos incensos, que aqui são queimados em pedra, verduras e frutas, utilidades domésticas, fábricas de queijo e manteiga, reciclagem de ferro e aço, de embalagens, comidas em geral, muito café e por aí afora. Foram duas horas percorrendo ruelas e tenho certeza que não andei 20% dela. Agora posso dizer que fui numa feira africana. As fotos são poucas porque o pessoal não gosta, mas disfarcei e tirei algumas.
Rua de reciclagem de ferro
Os temperos e pimentas
Quando cansei, ofereci aos rapazes pagar o almoço. Levei-os ao hotel que tinha um restaurante bom e barato. Eles porém sugeriram ir a um restaurante de comida típica, no próprio hotel. Como eu tinha me progamado para ir à noite, já sabia até a comida que queria: 'injera', embora não soubesse direito o que era.
A injera
Quando veio o prato até me assustei. Um enorme tabuleiro redondo com uma massa borrachuda por baixo e por cima misturas tipo patê, de frango, carne, verduras e algumas outras, todas muito apimentadas. A gente arranca um pedaço da massa de baixo e com a mão mesmo, vai pegando e comendo as misturas. Eu pedi uma colher para fazer o serviço. Mas a comida tem um sabor único. Gostei e comi muito.
Vejam a dimensão desse prato
Mas o melhor ficou para o fim. Tomei duas cervejas, os rapazes duas cocas e a conta, mesmo com uma generosa gorjeta, saiu 18 reais. E ainda deixamos muita comida no tabuleiro.
Paguei pelo serviço de guia (dez reais para cada). Os rapazes ficaram muito agradecidos.
Addis Abada me impressionou. Embora tenha uma população que se divide entre cristãos e muçulmanos, é claramente uma cidade ocidentalizada. Pela aparência da cidade e pela forma que as pessoas na rua se vestem, com direito a muito jeans, difere muito das cidades pelas quais passamos. Vai deixar saudades.
Amanhã sigo para Lalibela, um fantástico complexo de igrejas escavadas na pedra. Uma das maiores atrações da África. Como vou de avião (seriam 17 horas de ônibus), amanhã mesmo conto.
PS- Tem gente reclamando que não consegue mandar comentários. Se continuar acontecendo, mande o comentário por e-mail para mim que eu publico.
Que feira! Pela primeira foto posso dizer que o depósito de mercadorias fica no 'piso superior' em cima do telhado? E quem é que segura o poste pro moço que está segurando vender as bugigangas dele? (risos)
ResponderExcluirOi Gerson
ResponderExcluirAdoro visitar mercados e feiras locais. Grande maneira de conhecer a cultura do pais.
Vc nunca fica com medo de acompanhar esse povo que chega junto? Não sei se teria coragem de acompanhar os meninos! Ainda bem q vc não se deixa levar por esses preconceitos e medos.
Um beijo
Tereza
Grande Gerson! Legais as fotos do mercado. Perto de casa aqui em Genebra tem um restaurante etiopiano e de vez quando vou lá comer esse prato aí... muito bom mesmo. Aqui custa mais que 18 reais, pra uma pessoa... E a música aí, você não contou muito... A música da Etiópia nos anos 70 é muito boa, bela mistura do r&b e funk com a música tradicional. Fico curioso de saber o que rola hoje em dia...
ResponderExcluirAbração,
Joel
Tereza
ResponderExcluirPra falar a verdade, depois de quase dois meses aqui, ja perdi um pouco o medo. Ja estou quase como um africano. Ando com desenvoltura no meio da turmo. Se vc visse o lugar onde estou hoje...
Fala pro Nivaldo que achei um vinho na Etiopia, mas nao pude comprar. Vou atravessa o Sudao e la alcool da cadeia.
beijo pra vc tambem
Joel
ResponderExcluirSe tive uma falha nessa viagem, foi em relacao a parte musical. Praticamente o que vivenciei foi o que escutei esporadicamente. Ouvi alguma coisa legal em Mocambique, Tanzania (ate cheguei a encomendar um MP3 em Zanzibar, mas esqueci e nao fui buscar) e pela mistura cultural que acho que a musica da Etiopia deve ser bem legal, embora nao tenha ouvido quase nada. Vai ficar pra proxima, porque daqui pra frente acho que nao vai ter mais nada que aproveite.
Outro abraco