Paisagem na porta do Hotel Aponye
Kampala é uma cidade efervescente. De todas que eu passei até agora, sem dúvida a mais movimentada e ao mesmo tempo ultra desordenada. A cidade fica entre sete morros e seu relevo é um sobe e desce. Transito infernal. Aqui, além das vans em grande número, tem ainda enxames de 'boda-bodas', como são chamados os mototáxis. Entre ruas muitas vezes esburacadas, pedestres, motos, vans e outros veículos se misturam, buzinam, se xingam e, por incrível que pareça, funciona.
Cheguei e me dirigi a um hotel bem central recomendado pelo Lonely Planet (LP). E põe central nisso. Estou na 25 de março de Kampala. Uma muvuca. Atacadão, lojas de eletrônicos e achei até uma mini 'Galeria Pajé'.
Meu hotel, o Aponye – U$ 25 a diária, e isso o LP não falou, fica no terceiro andar de um prédio e o meu quarto (sem trocadilho) é no quinto. Vocês querem saber se o elevador está funcionando? ´Tenho certeza que já adivinharam. E o meu joelho contundido... Anteontem economizei fio dental e agora economizo academia.
Mas já fazia tempo que não tinha uma 'roubadinha', né? Ontem teve. Logo que cheguei, almocei e resolvi aproveitar o resto da tarde para visitar o Kasubi Tombs, um imenso mausoléu construído em junco pelos primeiros reis de Baganda que depois virou Uganda. É Patrimônio Cultural da Humanidade. O LP alertou que ele havia sido queimado em 2010 (ato terrorista, segundo soube depois) e estava em restauração.. Mandava checar antes de ir. Não chequei. Fui.
Kasubi Tombs, meio tombado, né?
Peguei um 'boda-boda', na porta do hotel por extorsivos 12 mil shilings (depois descobri que se pagasse metade o boda-bodeiro ia comemorar a semana inteira). Não é à toa que ele esperou pacientemente eu fazer a visita (uns trinta minutos, no máximo) para fazer o carreto de volta. .Perguntei pelo capacete e ele me deu o encardidão dele. Menos mal que era careca e como eu já estou quase que nem ele, não importei. Mas o capacete não tinha a tira de apertar no pescoço. Com o meu boné estaria muito mais protegido. Fui sentindo a brisa da tarde na moringa, com direito a todo tipo de emoção numa motinho de 100cc, quase sem freio no meio daquele tráfego louco.
Eu no 'boda-boda'. Vejam a minha sombra fotografando.
Chegando no tal mausoléo fui recebido por um rapaz muito falante que me deu algumas explicações, tentou vender alguns pacotes turísticos e me encaminhou à bilheteria. Mais 10 mil shilings. Em seguida me acompanhou pelo sítio onde o tal mausoléo estava em restauração, atrás de uma cerca de pau a pique ou coisa que o valha. E o rapaz ainda perguntou: não vai tirar uma foto? Ia perguntar: foto do pau a pique? Mas como não sei como é pau a pique em inglês, ficou barato. Mas tirei a foto. Na saída o rapaz na maior cara de pau ainda me cobrou mais 10 mil pelo serviço de guia. Perguntei porque ele não avisou antes que o 'árduo serviço' era pago e ele simplesmente disse que esqueceu. Resumo da ópera: transporte exorbitante, patrimônio inexistente e guia pago para mostrar o que não existia.
Hoje, já refeito, fui ver a famosa Kampala Road. Uganda é um dos países que mais prosperam na África. Podia estar muito melhor não fossem duas décadas praticamente perdidas com as ditaduras de Milton Obote, que deu um golpe derrubando a monarquia, seguido por Idi Amin Dada e depois novamente por Obote. Hoje Uganda tem um crescimento vigoroso e a Kampala Road é a sua Avenida Paulista. Uma infinidade de bancos margeiam a avenida. Só não tem prédios tão imponentes quanto a sua prima rica nem gente tão bonita nas suas calçadas.
Kampala Road
Amanhã sigo viagem. Agora vou usar um meio de transporte inédito: o avião. Se quisesse ir ao próximo destino, Addis Ababa de ônibus, seriam quatro a cinco dias com direito a atravessar um fronteira complicada que é a do Quênia com a Etiópia. Então, vamos resolver essa parada em quatro horas. Saio às cinco da manhã e as nove estou lá. Vamos conhecer a terra do rastafári e do melhor café do mundo. Será que é verdade?
Muito legal
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