sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Addis Ababa


Já estou em Addis Ababa, a capital da Etiópia. Dessa vez a viagem foi mais tranquila. Bastou acordar um pouco mais cedo, as três da manhã e pagar 30 dólares num táxi para Entebe, a 40 Km de Kampala, onde fica o aeroporto. Fizemos uma escala em Nairóbi, no Quênia e às 9:30h já estávamos aqui.
Uma coisa interessante aconteceu em Nairóbi. Enquanto procurava minha plataforma de embarque para fazer conexão, vi um povo esquisito, feio, conversando diferente, alto, prestes a embarcar. Me aproximei e vi que ia sair um voo para Mogadisco, a capital da Somália. A Somália é o país mais violento do mundo. Não tem governo estabelecido. É um campo de batalha. Por isso o fome gerada pela seca na região é tão grave. Não se consegue sequer uma coordenação para distribuir a ajuda que chega do mundo inteiro. Recentemente li uma reportagem sobre o restabelecimento, com o auxílio internacional, de um governo em Mogadisco. Segundo a matéria, o prefeito da cidade tinha a profissão mais perigosa do mundo. Mas pelo menos já existem voos para lá. Alguém se habilita?
A notícia que eu tinha era que a chegada na Etiópia ia ser uma novela. Imigração, visto, estas coisas. E já começaram me mandando para uma salinha porque eu não tinha um papelzinho amarelo. Cheguei lá e, pasmem, era a vacina contra a febre amarela. Pela primeira vez em quase vinte anos por países que exigem a tal vacina, me pediram o certificado. Claro que eu tinha. Achei que nunca ninguém ia pedir. Parabéns para a Etiópia. Exige e confere. Em seguida, quase sem nenhuma fila, tirei o visto por apenas 20 dólares. Paguei satisfeito. Compensou o táxi de cedo. Saí da imigração e já estavam colocando minha mochila na esteira. Um recorde. Parabéns para a Etiópia.
Para ir ao hotel o táxi pediu 15 dólares. Negociei e caiu para oito. A economia teria dado para pagar o almoço, mas como eu fui num restaurante italiano chique, o 'Castelli', só pagou a metade.

Almoço caprichado no 'Castelli'.

No caminho do aeroporto, me surpreendi com a beleza da cidade. Avenidas largas, movimentadas, relativamente conservadas, prédios modernos. Gostei. Só teve um senão. Sempre tem. Muitos mendigos nas ruas. Mulheres com crianças, crianças sem mulheres, cegos, aleijados, bobos, todos mendigando. Eles se concentravam nos locais em que o trânsito engarrafava, abordando os veículos. O adivinho que disser para quem eles vinham pedir dinheiro, ganha uma passagem para Mogadisco. Era o trânsito parar e meu táxi era abordado. Até o cego vinha atrás de mim.

Estou no Ras Hotel, 26 dólares a diária, uma instituição de Addis. É um hotel estatal. Já teve dias melhores, mas ainda conserva um certo charme e tem ótima localização. Uma coisa boa é que seus trezentos quartos (e quase não acho vaga) são amplos e limpos. O meu é o último do corredor. Demora um tempão para chegar.

O corredor do Ras Hotel. Não dá nem para enxergar o fim.

Cheguei, já dei um passeio. A cidade é realmente bonita e os mendigos enchem o saco. Amanhã vou ao museu para ver se entendo essa história do rastafári. Conheci um guia que me ofereceu levar ao Merkato – o mercado da cidade, o maior da África, segundo alguns. Acho que vou arriscar. E ainda não tomei o café daqui. Depois eu conto.

Um comentário:

  1. Olá Gerson. Viagem muito bacana. Parabéns pelo aniversário. Marisa Salamoni

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