quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Perigo em Johannesburgo


Dizem que barata viva não atravessa galinheiro. Às vezes atravessa. Já narrei minhas peripécias na chegada a Johannesburgo. Como a cidade não tem muito interesse e quero acelerar a viagem, resolvi ficar aqui apenas um dia; o suficiente para tirar o visto de Moçambique, atualizar o Blog e visitar o Museu do Apartheid.

Saí cedo, para resolver a questão do visto. Pelo meu mapa, achei que dava para ir caminhando e assim fiz. Subi as ladeiras que contornam a Park Station, perto de onde estou hospedado e fui seguindo. Como não chegava, ia perguntando aos transeuntes e ninguém conhecia. Lá pelas tantas, perguntei a um guarda e ele me remeteu a um sr branco que mandou entrar no seu carro para me deixar mais perto do consulado. Nesse trajeto, me alertou para ter cuidado nos bairros negros, que haviam tentado assalta-lo, etc, etc. Me deixou mais perto do consulado mais ainda muito longe, de sorte que tive que andar um bocado. Chegando lá, teria que dar entrada no visto e voltar à tarde para busca-lo. Não sei se foi o jeitinho brasileiro, o meu chaveirinho que faz o maior suscesso (depois eu falo dele) ou a cor da minha pele. Mas após uma pequena espera (mais de uma hora), o visto saiu.

Para voltar, vi uns moçambicanos pegando uma van e entrei nela. Não entendi direito para onde ia (não se é pior o português dos moçambicanos ou o inglês dos sul-africanos), mas segui com eles. Lá pelas tantas reconheci um lugar pelo qual já tinha passado e desci. Não tinha tomado café da manhã de modo que resolvi almoçar num 'fast food delivery' que encontrei. Tinha 'fish and chips' (me senti em Londres) e um 'Russian qualquer coisa' que nada mais era do que 'linguiça and chips'. Preferi a segunda,... no bom sentido.

Depois fui para a Internet. Terrível, lenta, travada e ainda não lia minha postagem previamente preparada. Fui na primeira, passei para a segunda, esqueci a mochila na primeira, voltei, ufa, estava lá e, por fim, desisti. 'Chega! Vou ao Museo.' Achei que era perto e fui andando. Andando e perguntando e ninguém sabia onde era o tal museo. Num certo momento, estava no teatro da cidade, entrei e veio uma mulher muito intelectualizada me atender. Foi engraçado. Ela concordou comigo que era um museo muito importante, mas não sabia onde era. Outro funcionário sacou seu blckberry com o Google Maps, mas também não encontrou.

Bom, se eles não conhecem, ficarei eu também sem conhecer. Desisti. Resolvi ir comprar a passagem do dia seguinte para Moçambique. Nesse momento uma placa de transito me deixou petrificado: Hillbrow. Eu hospedei, andei, caminhei, internetei e fiquei quase todo o meu dia em Hillbrow.

A respeito de Hillbrow, veja o que o jornalista Fábio Zanini (Pé na África) falou: “Hillbrow. Aquele nome tinha uma carga pesadíssima. Simplesmente o lugar mais assustador de uma das cidades mais assustadoras do planeta. Tanto que dez entre dez guias de viagem alertam o turista desavisado: fique longe de Hillbrow, mesmo à luz do dia. Índice de homicídios: cem por 1000 habitantes. Dez vezes mais que o da cidade de São Paulo...”

Bom, já que tinha aguentado tudo isso, arriquei um pouco mais e fui ao Park Station para conseguir, finalmente, fazer minha postagem. De lá, procurei um supermercado, já que, como não ia poder sair à noite, queria, pelo menos tomar um vinho de despedida. Tive que ir mais longe. Na volta, uns vinte minutos de caminhada na hora do rush, no meio da multidão, resolvi contar quantos brancos eu via. Contei dois, eu e meu tênis.

Mas salvei o jantar. Vejam só:


 
PS- Já estou em Maputo - Moçambique e mando notícias em breve.

6 comentários:

  1. Oba, começaram as aventuras !! risos ...
    Estávamos todos ansiosos esperando por elas !

    Bem, no final das contas, o jantar parece ter sido bom ... Esse vinho, o Alto Rouge, é um corte bordalês, ou seja, feito com as uvas clássicas de Bordeaux : cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc. Nunca tomei, mas ele tem um certo prestígio - eu diria que ruim não deve ser ...
    Abraços

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  2. Poxa, Nivaldo. Quer dizer que no meio desse stress todo ainda achei um vinho conceituado?

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  3. mesmo vc tendo estudado bastante antes mesmo assim passou por tudo isso.siga em frente

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  4. Ai que frio na espinha!!!!! Ainda bem que no final tudo dá certo ham... Continue tranquilo e nos atualizando com suas vivências... Fique com Deus!!

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  5. "Delichias cremochas...
    Vc supera... com certeza rs rs rs

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  6. Barata viva atravessa galinheiro se não souber que é um galinheiro, né?

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