quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Harare - Zimbabwe

Avenida de Harare. Ao fundo o imponente prédio do Banco Central. Dizem que ele tinha que ser grande pra guardar todo o dinheiro que era impresso na época da hiperinflação.


Se Maputo podia ser a capital da África, Harare, onde estou, não podia ser a de nenhum país africano. Mas é a capital do Zimbabwe. O Zimbabwe é a antiga Rodésia, país de colonização inglesa (a joia da coroa), cuja libertação de se deu por um golpe da minoria branca (3% da população), que instalou um regime racista de 1964 a 1979. Uma coalizão política liderada por Robert Mugabe, uma personalidade que chegou a rivalizar em prestígio com Nelson Mandela, assumiu o poder e ele nunca mais saiu. Recentemente cedeu a um governo de coalizão com a oposição, mas com ele a frente. Em bom português, uma ditadura mal disfarçada.
Há poucos anos o Zimbabwe sofreu um colapso econômica e bateu todos os recordes de inflação. Foi a 180.000% ao ano. Chegou e emitir uma nota de 2 bilhões de dólares (zimbabwanos, é claro). Recentemente, como forma de combater essa hiperinflação a economia foi dolarizada de maneira que aqui se paga tudo em dólar. E não tem moeda. Se tiver troco na compra do supermercado, é balinha ou chiclete.
Sempre que chego numa cidade desconhecida, e aqui todas são, rola um certo stress. Não temos exatamente para onde ir. Não sabemos se é seguro sair caminhando ou pegar um táxi a procura de um hotel. Mas aqui na África, quase sempre que cheguei em algum lugar, tive ajuda. Em Chimoio, por exemplo, onde cheguei às 21h, um jovem que veio comigo no ônibus me levou até o hotel. Aqui não foi diferente. Um rapaz que estava no ônibus, me acompanhou até chamar um táxi e negociar o preço para eu ir em segurança para o hotel.
Instalado, fui dar uma volta. Sabia que Harare era uma cidade diferente dos padrões africanos. Mas o que vi me impressionou. Largas avenidas se cruzando. Prédios imponentes e modernos, praças bem cuidadas, caros novos e até as vans mais bem cuidadas. Nas ruas, muita gente produzida, padrão ocidental. Parecia estar na Avenida Paulista. Só um probleminha, quando escureceu, a iluminação pública não acendeu. Não sei se é sempre ou se foi só ontem. Só sei que corri para o hotel.
Hoje, após um excelente café da manhã africano (estou num hotel de U$ 97), voltei para as ruas para tirar uma fotos para vocês. Vejam como é diferente de Maputo. Mas, ao sair um pouco do centro financeiro e político da cidade, onde inclusive estou hospedado, a paisagem muda bastante. Não a paisagem física, os prédios continuam modernos, mas as pessoas mais mal vestidas, muita gente desocupada, alguns mendigos. No centro da cidade tem um parque muito grande, o Harare Gardens, estilo Central Park. Fui para lá e vi centenas de homens e algumas mulheres, sentados na grama, aparentemente sem ter o que fazer. Até fiquei com medo. Saí rapidinho. Por causa dessa hiperinflação, o país ficou para trás em termos de crescimento. Muitas pessoas foram embora (tinha muito zimbabwano na África do Sul e até em Moçambique) e o desemprego é muito alto. Mas o país tem muita terra boa, infraestrutura de rodovias e ferrovias e muita riqueza natural. Vamos ver como vai ser o futuro.
Bom, Harare é bonita, diferente, mas não tem muito o que fazer. Então, segue o jogo. Amanhã, vamos para Vitória Falls. Vamos saber qual é maior ou mais bonita ou melhor: Vitória Falls ou Iguaçu Falls. Pretendia ir de trem. Levaria pelo menos um dia e meio. Mas aqui na porta do hotel tem uma empresa de ônibus que faz a viagem em 12 horas. Saí amanhã às 7 horas. Ônibus de luxo, paguei 5 dólares a mais por um assento executivo, pra não ficar amarrado na cadeira. Vamos ver. Até.

PS - Tão me pedindo mais fotos, mas com essas Internets lentas, cada foto colocada é um martírio. Mas no final, vai ter muita foto. Prometo.

9 comentários:

  1. Parece que Harare é uma Brasília aí na África.

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  2. Visitou o Great Zimbabwe National Monument ? É um patrimônio histórico que está inscrito na UNESCO - parece ter sido a sede do mítico reino da Rainha de Sabá ... Não sei se fica perto de Harare ...

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  3. Gerson, vc é demais!!! dou muita risada! amo o que vc escreve. Um abraço!

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  4. SUAS HISTÓRIAS E ESTÓRIAS ESTÃO TÃO INFORMATIVAS E ENGRAÇADAS,QUE.... NÃO QUERO QUE VC VOLTE!! RRRRSSS...CONTINUE CONTANDO TUDO E...SEMPRE ALERTA!!! ABRAÇOS, MARY ROSE

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  5. Gersão,estamos acompanhando tudo daqui e esperamos por novas aventuras. Tá sendo muito agradável conhecer os detalhes do continente africano sem precisas fazer essa maratona toda que vc tá fazendo. Abraço, João Alberto.

    obs.: seu curingão aqui não ganha mais de ninguém....

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  6. A máxima "Uma imagem vale mais do que mil palavras" não se aplica nesta sua aventura Gerson. Estou impressionado com sua narrativa. As fotos serão apenas como "batom", ou seja, como enfeitar o pavão!!! Josué

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  7. Ola Gerson,

    Parabens pelo blog. Todos estamos curiosos e ansiosos por suas aventuras.

    Vai uma dica quanto a fotos. Obviamente sempre as tiramos na maior resolucao/tamanho possivel na camera para que tenhamos informacao digital suficiente para pode-las manipula-las a vontade. Acontece que estes sites gratuitos, por razoes obvias de velocidade de carregamento da pagina, sempre as reduzem. Trocando em miudos, de nada adianta perder tempo e enviar os arquivos da forma como foram tirados pela maquina uma vez que o seu site as reduz para 320X240 pixels.

    Seria interessante, voce reduzi-las no tamanho que seu blog as utiliza, evitando assim maiores problemas com conexoes lentas. Assim nos poderemos curtir mais suas aventuras....LOL.... :-)

    Americo

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  8. Nivaldo, realmente não vi nada a respeito desse monumento. Nenhum dos meus guias cita. Agora, que eu saiba a Rainha de Sabá é do Reino Núbio, entre Sudão e Ethiópia. Vou pesquisar mais. abs

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  9. Tetê, ia por na postagem que era igual Brasília, mas não é. Em Harare as ruas se cruzam, em Bras´lia não.

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