terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tô na África... agora pra valer!


Se a África tivesse uma capital, ela poderia ser Maputo. A capital de Moçambique é o que imaginei que encontraria nessa viagem. Pobre, mas emergente. Caótica, mas pulsante, efervescente. Tomei um banho de povo.

Disse que a primeira ideia que tive, é que Maputo pareceria com La Paz, na Bolívia. Como cidades grandes em países pobres, elas de fato se parecem, menos por uma coisa e que o Evo não nos ouça; o povo boliviano é bem mais feio.

A primeira coisa que se percebe por aqui é o movimento nas ruas. Gente pra todo lado, comercio informal intenso. Uma marca que provavelmente vai se repetir daqui para frente é o transporte coletivo informal. As 'chapas', que respondem por quase todo o transporte, são vans, em geral muito velhas que, em compensação, custam muito barato. Menos que 50 centavos a viagem. Todavia, não tem limite de lotação. A primeira que peguei, colocaram 25 pessoas, quando a lotação é 12. Vi isso repetidas vezes Numa delas, eu estava sentado na fila da porta de entrada e a 25ª pessoa a entrar era uma jovem gordinha que foi empurrada sobre mim, ficando praticamente imobilizada, exposta a qualquer 'confiança'. Teve a sorte de eu ser respeitador. Mas também pode-se andar em alguns ônibus, táxis e as originais 'chopelas', que são lambretas transformadas em táxis. Andei de tudo.
No meu segundo dia aqui, após fazer a mudança de hotel, atualizar o Blog, etc, resolvi procurar um restaurante recomendado pelo Lonely Planet. Ao baldear de uma 'chapa', vi uma feira. Não resisti e entrei. Loucura. Tem de tudo. Até atacado funciona lá dentro. Encontrei vinho chileno mais barato que no Chile. Quando resolvi comprar uma cerveja para ir tomando no caminho, perceberam que eu era brasileiro e foi uma festa. A um dos rapazes mais falantes perguntei se ele conhecia o Brasil. Ele respondeu que conhecia Ipanema e Teresópolis. Estranho, né? Outro disse que conhecia Tubiacanga. O meu amigo Aguinaldo, lá no Rio Grande do Sul, doutor em Física, que tem um ótimo Blog sobre literatura, poderia pensar que a obra de Lima Barreto está disseminada em Moçambique. Não, meu caro Guina, ele apenas assistiu a novela da Globo (não me lembro o nome) adaptada do conto 'A Nova Califórnia'. Levou um chaveirinho do Brasil, que como já disse, faz o maior sucesso. Ainda vou falar deles.

Após um belo almoço de camarões acompanhados da 2M, a boa cerveja local, parti para a Junta, o terminal rodoviário local, para comprar a passagem para a sequência da viagem. Eu falei terminal? Um terrenão baldio abrigando todo tipo de 'jardineiras'. A mais nova devia ter a minha idade. A gente escolhe o ônibus que vai para onde queremos ir e compra o bilhete com o motorista. Vi que vou sofrer daqui para frente.

Já nessa noite, um grande jantar. Um bacalhau fantástico com muito chopp a 30 reais.

No dia seguinte, sábado, a caminho ao ponto das 'chapas', a primeira roubada. Um senhor me intercepta e pergunta:
  • Lembra de min?
Claro que não lembrava. Ele continuou.
  • Eu sou o guarda da fronteira.
De fato, quando entrei em Moçambique, um guarda veio me proibir de tirar fotos. Achei que era ele. Continuou a conversa e mais tarde disse que tinha um problema. Tinha ficado sem gasolina e estava sem dinheiro. Ia lhe dar 50 meticais mas ele falou que era pouco e pediu 200. Dei os 200 e ele pediu mais 200. Não dei e ele acabou levando os 50. Uns ambulantes que viram tudo, perguntaram porque eu tinha dado dinheiro a ele.
  • É mafioso! Você podia perder tudo.
  • Mas porque vocês não me avisaram? Agora já foi...
Bom, pelo menos foi um golpe barato. 15 reais.
Mais tarde, a recompensa. Almocei o melhor polvo de minha vida no 'O Escorpião' (acima), o mais tradicional restaurante de Maputo.

Domingo foi dia de praia. As praias aqui não são bonitas, mas são diferentes. Todo mundo vai de roupa. Não vi nenhuma mulher de biquíni ou maiô. Os homens, no máximo de bermuda. Em compensação os ambulantes vendem cerveja barata e peixe frito mais barato ainda. Ao contrário do Brasil a praia vai enchendo depois do meio dia, até lotar no meio da tarde. Mas vamos deixar para falar mais de praias em Zanzibar.

Amanhã (hoje é domingo), saio às quatro da manhã, numa viagem de 15 horas até Chimoio, ao norte perto da divisa com o Zimbabwe. Vou na jardineira abaixo. Se der, mando notícias de lá.
OBS- Já estou em Harare, capital do Zimbabwe. Depois conto cheguei aqui. Foi emocionante...

4 comentários:

  1. Estou começando a ficar preocupada com vc!! a menina gordinha teve sorte: respeitador vc pode ser, mas...dispensador? Não é isso que ouço/ouvia falar de ti!! rrssss...Mas estou brincando.. vc é um homem casado!! Mas minha preocupação é outra: vc não pode ficar distribuindo dinheirinho por aí..as pessoas podem achar que vc tem muito e te dar um bote! Cuidado caro amigo!!! No mais adorando viajar em sua companhia. Mary Rose

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  2. O Nivaldo escreveu e eu sem querer recusei. Mas consegui salvar e aqui está:
    Grande Gerson, estamos curtindo cada palavra do seu blog aqui em casa ... Aliás, dois episódios causados por sua direta influência : Tereza está devorando o blog do Fábio Zanini, e ontem vimos Hotel Rwanda, que ainda não tínhamos visto ... Grande filme, grande história, quase inacreditável !
    Enfim, estamos sendo seduzidos pela África, através de você ...

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  3. Acho que as feiras são o melhor jeito de conhecer um país. Os produtos são da população mesmo e dá para perceber o que as pessoas comem, como vivem, quanto gastam para viver, como socializam...essas coisas que qualquer viajante mais atento quer saber.

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  4. Ai ai ai... to aqui tentando postar uma mensagem mas tá difícil... vamos lá de novo

    "F´EM DEUS E PÉ NA TABOA"

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